O papel dos bancos digitais na inclusão social

Na Digital Week 2021, Vanise Zimmer, cofundadora e presidente da LadyBank, falou a respeito do papel dos bancos digitais na inclusão social. A seguir, confira mais algumas partes desse importante evento.

A importância dos bancos digitais na inclusão social: reduzindo o gap de gênero em finanças

O gap de gênero está presente em vários aspectos. Segundo estudos da FGV, as mulheres têm uma carga tributária 40% maior do que a dos homens. Contribuem para essa desigualdade a pink tax, ou tax women (tributação de produtos de uso exclusivo das mulheres) e algumas distorções no Imposto de Renda, como a margem limitada para redução de gastos médicos e escolares, falta de diferenciação para contribuição de famílias mais numerosas, entre outros aspectos.

Por outro lado, as mulheres recebem, em média, 78,7% do salário do público masculino. Além disso, elas têm pausas mais frequentes na vida profissional, pois se afastam temporariamente das atividades por causa da maternidade.

“Dessa forma, as mulheres acabam tendo menos oportunidades de promoções e estão mais sujeitas ao desemprego, cuja taxa chega a ser 6% maior para as mulheres. Além disso, elas trabalham 18% a mais do que os homens de forma não remunerada, e recebem 17% a menos de aposentadoria.  Atualmente, a estimativa é de que o gap financeiro das mulheres seja de US$ 17 trilhões”, observa Vanise.

Para a gestora, a tecnologia é prioritária e preponderante na inclusão social e financeira.

“Sem acesso à tecnologia, à internet, a população vai empobrecer e ficar cada vez mais excluída dos serviços financeiros”, afirma.

Mulheres nos investimentos

Entre a população economicamente ativa no Brasil, somente 18% das mulheres investem. E dessas, a maioria só guarda o dinheiro na poupança ou em outra forma com baixa remuneração. Entre as investidoras, o percentual que investe em ativos mais rentáveis corresponde somente a 3%.

Por isso, o principal propósito da LadyBank é ajudar o público feminino a investir. Para tanto, a fintech utiliza a tecnologia para gerar inclusão financeira de gênero. Ou seja, para fazer com que as mulheres se conscientizem da importância de investir e passem a fazer planejamento financeiro, tendo acesso a investimentos de maior rentabilidade.

“Para que essa missão fosse plenamente cumprida, teríamos que alfabetizar todo mundo, tornar todos capazes financeiramente. Como sabemos que isso não acontecerá a curto ou médio prazo, usamos a tecnologia para fazer esse trabalho. Dessa forma, auxiliamos também as mulheres com renda mais baixa e sem informação a ter acesso ao sistema financeiro”, diz Vanise.

Educação Financeira

Em relação à educação financeira, Vanise lembra que se trata de uma responsabilidade do Estado, prevista na Constituição Federal. Nesse sentido, as empresas podem (e devem) contribuir para esse processo, mas não podemos abrir mão da importância do Estado nesse papel.

Um exemplo disso é o programa desenvolvido pelo governo em parceria com o MEC e com a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para capacitar professores de Educação Financeira nas escolas. O tema foi incluído no currículo das escolas como disciplina transversal, e aborda assuntos como planejamento financeiro, investimentos e diversos outros aspectos ligados às finanças.

Saiba mais a respeito neste link: A importância da educação financeira nas escolas – blog da LadyBank

Vanise também comenta que não é só o Brasil que sofre com a falta de educação financeira.

“No mundo, o índice de analfabetismo é de 70%. Basicamente, a maioria das pessoas não conhece nem as regras de juros simples. A educação financeira não é uma tarefa fácil, que consigamos desempenhar somente com propósitos ideológicos. Em vez disso, precisamos de ações contundentes e de massa para reverter esse quadro”, diz a presidente da LadyBank.

Tecnologia

A tecnologia é uma das principais ferramentas da LadyBank para levar educação financeira à população. Nesse sentido, a fintech está usando a Inteligência Artificial na análise de dados para identificar micro gaps financeiros que ainda não são contabilizados por não serem visualizados. O objetivo é permitir que as pessoas façam uma reserva financeira para suprir esses gaps.

Vanise dá um exemplo sobre o tema:

“Recentemente, criamos um simulador de cálculo do custo do ciclo reprodutivo da mulher. O objetivo foi calcular o quanto as mulheres gastam dos 12 aos 65 anos, desde o início da menstruação até o cuidado com os filhos na idade adulta. Para isso, calculamos os gastos do período menstrual, gestação, exames ginecológicos, contraceptivos, reposição hormonal e tudo o mais que diga respeito ao ciclo reprodutivo feminino. Tudo isso considerando atendimento pelo SUS”, detalha Vanise.

Esses cálculos levaram a um montante de R$ 130 mil que as mulheres gastam ao longo da vida para custear as despesas relativas ao seu ciclo reprodutivo. Para Vanise, dar visibilidade a esse tipo de gap financeiro é de extrema importância.

“Esse tipo de informação fará com que as pessoas entendam a importância de guardar dinheiro”.

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